domingo, 9 de abril de 2017

Como eu me tornei Nômade Digital?

Nunca pensei que viveria como Nômade Digital. Na verdade, eu nem sabia direito o que era o Nomadismo Digital, embora estivesse, desde quando comecei a trabalhar remotamente, "engatinhando" para fazer deste o meu estilo de vida. Às vezes, quando acordo no meu quarto e percebo que estou do outro lado do mundo, em relação ao Brasil, vivendo por minha própria conta (sendo desafiado a todo o instante, por estar fora da minha "zona de conforto"), eu me sinto assustado, especialmente em virtude de isso tudo ser muito novo para mim. 

Mais assustador, às vezes, ainda, é, de alguma maneira, me sentir em casa, embora eu me mude a cada três meses e more de aluguel na casa dos outros. Cheguei a comprar um apartamento, quando vivia no Brasil, mas ele perdeu a graça para mim depois que eu o adquiri e comecei a pensar que eu não queria viver na cidade onde eu o havia comprado. Sei que estou vivendo algo único e que, de alguma maneira, estou fazendo "parte da história". É um sentimento bom! Mas não vivo como Nômade Digital para "me sentir especial". Na verdade, eu vivo como Nômade Digital, primeiramente, porque eu posso (então, por que não?), porque a minha identidade hoje se constitui de uma maneira múltipla e porque, principalmente, eu adoro me desafiar. O Nomadismo, também, representa, em minha vida, infelizmente, um movimento de oposição à realidade social brasileira, que eu tive que suportar por muitos anos enquanto eu (sobre)vivi no Brasil, nos momentos em que eu estava bem ou mal financeiramente (assunto para outro tópico, que envolve questões relativas à violência, à corrupção e à maneira pela qual a sociedade brasileira se organiza e pensa*).

* Não sou desses que despreza e odeia brasileiros no exterior, mas, às vezes, para evitar confusão, eu prefiro ficar quieto e longe. 

Confesso: às vezes, eu me sinto um pouco "outsider" por estar vivendo, praticamente, fora da realidade das outras pessoas. Para mim, eu sei o que sou e sei o que o meu estilo de vida representa, mas sou encarado pelas pessoas (pelo menos assim compreendo o feedback de muitas delas), muitas vezes, de maneira errada; 1)- como turista (isso me irrita profundamente!) ou como 2)- alguém "perdido por aí" (não me importo com o fato de os outros pensarem isso de mim. Na verdade, quando lembro de como eu estava vivendo, antes de começar a viver como Nômade, dou graças a Deus por poder viver dessa maneira e por não ter de estar preso a um lugar só, embora reconheça alguns laços com o meu país, especialmente em relação a nossa língua). 

 Eu nunca planejei ser Nômade Digital, o nomadismo, simplesmente, aconteceu na minha vida de uma maneira natural. Não divulgo o Nomadismo para alavancar, mais ainda, os meus negócios digitais. Na verdade, a maneira pela qual eu trabalho virtualmente é um pouco diferente de outras pessoas que, em vez de viver o nomadismo, simplesmente, vendem-no. No meu caso, eu não preciso promover a minha vida como Nômade para viver dessa maneira, eu não dependo dessa promoção. Acho o meu relato significativo e REAL em relação aos desafios de uma vida como Nômade Digital, especialmente por eu não ficar "na onda" do "turista nômade". 

O que quero dizer com isso? Sempre fui muito 'crítico' em relação às minhas experiências de turismo. Já viajei bastante como turista e, depois de algum tempo, comecei a ficar desestimulado a vivenciar  as minhas viagens na mesma rede de hotéis, vendo as mesmas atrações turísticas famosas de cada lugar, fazendo programas com guias turísticos ou dormindo em hostel com "a galera". Não vejo tanta graça nessas coisas hoje; uma vez por ano até faz sentido, mas "viver" dessa maneira, não! Por isso, insisto tanto em dizer que um Nômade Digital não é um turista (e acho muito difícil conseguir manutencionar relações de amizade ou qualquer outro relacionamento que não seja tão superficial com pessoas que você encontrou "viajando uma vez por ano"). No caso do Nomadismo Digital, acredito que as relações sociais são diferentes. Por quê? Complexo isso.  Um Nômade pode, por  exemplo, visitar amigos que fez nos lugares onde morou e, no meu caso, com uma frequência b
astante possível.

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