domingo, 31 de outubro de 2021


São quase 6 anos vivendo como nômade e explorando o mundo inteiro. Uma das minhas grandes paixões é experienciar, além de cidades, parques etc., casas/apartamentos (especialmente neste período de quarentena, em que permaneci mais tempo isolado). Eu vivi, nos últimos anos, em mais de 60 casas diferentes (em vários países: Croácia, Grécia, Alemanha, Áustria, Hungria, Sérvia, Sri Lanka, Maldivas, Tailândia, Vietnã, Argentina, Eslovênia, Eslováquia, Nova Zelândia, Macedônia, Itália, Portugal...).

Há alguns anos, ainda preso à realidade de Brasília, com o pensamento um pouco limitado, eu acreditava que o "sonho da casa própria" era o meu ideal de vida. Eu cheguei a seguir esse caminho. Juntei dinheiro por vários anos, comprei o meu sonhado imóvel, em uma área "dita" nobre em Brasília (Asa Norte) (onde a minha cidadania não foi garantida), mas decidi, depois da "posse", que eu não queria aquilo para a minha vida, tampouco fazer parte daquela (tão rígida) "realidade". E me lancei pelo mundo, nas mais diversas moradias, casas... e me sinto livre e realizado. É algo de que eu me orgulho muito em compartilhar, e que tem um valor imensurável.

É muitíssimo interessante vivenciar isso tudo e perceber o meu desapego, atualmente, de conceitos, coisas, pessoas, e ver muito além de minha própria janela, especialmente a janela cultural. Aprendi a (re)criar conexões com os lugares, pessoas, comigo, com a natureza, com as cidades e, a partir disso, ressignificar conceitos. A minha concepção de casa hoje é bastante complexa e não se resume a uma noção inflexível de posse, de status. Penso casa hoje em relação ao momento, ao que desejo vivenciar, e obviamente isso tem um preço, mas que não é pago com a minha liberdade (às vezes, uma cabana na neve; outras vezes um apartamento na beira da praia, subúrbio ou não, uma casinha simples na natureza; oscilo entre o excesso e a falta, no caminho da virtude de Aristóteles. A-N-Y-W-H-E-R-E).

Tudo isso me preenche. A verdade é que assim me sinto eu no mundo, quero a desconstrução. Senão consegui, como Professor, gerar alguma mudança, especialmente pela rigidez do meu arredor, ao menos TIVE/TENHO a ALEGRIA de mudar a minha própria realidade, e, a partir dela, revelar outras possibilidades, mesmo que saiba que a maioria permanecerá nas próprias ilusões (muitas vezes por escolha própria).

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